Maior consumo facilita reajuste de preços no setor de serviços
Melhoria da renda per capita dos brasilienses aumenta as vendas e pressiona a inflação
// por Beatriz Vilela e Thaís Rohrer
Em um momento em que o valor de alguns mantimentos está em alta em todo o mundo, o brasiliense está pagando mais caro para comer fora de casa. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, entre janeiro e maio deste ano, o reajuste no preço dos alimentos no Distrito Federal ficou em 5,21%. Esse aumento supera o acumulado em todo o primeiro semestre de 2007, que ficou em 3,41%, conforme registrado no item alimentação fora do domicílio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Ao mesmo tempo, a renda média do brasiliense também tem aumentado: se em 2006 o rendimento médio das pessoas ocupadas no DF era de R$ 1.484, no ano passado subiu para R$ 1.568, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Newton Ferreira da Silva Marques, analista do Banco Central e professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da UnB, avalia que a elevada renda per capita de Brasília, proporcionada pelo aumento do poder de compra - como os reajustes salariais - pode provocar esses movimentos de aceitação ou ratificação dos preços altos. Essa situação gera, também, maior acesso ao crédito.
Alexandre Cordeiro, 32 anos, sabe bem o que é isso. Ele trabalha com transporte escolar desde 1998 e comenta que demorou dois anos para reajustar o valor da mensalidade. "Em 2006 e 2007 eu não aumentei o preço, mas este ano subi R$10,00 para compensar os outros anos e a alta do diesel", justifica. O motorista comenta que a demanda pelo serviço aumentou. "A passagem de ônibus está cara, por isso as pessoas preferem a comodidade do escolar, já que a diferença não é gritante", analisa.
Mesmo com o aumento nas mensalidades, Alexandre está ganhando cada vez mais passageiros: em 2008 foram
O professor da UnB Roberto B. Piscitelli explica que, quando a economia cresce, o setor de serviços aumenta sua participação no Produto Interno Bruto (PIB). “Do mesmo modo, com o aumento da renda e o processo de urbanização, os serviços se diversificam e sofisticam, devendo-se salientar ainda que as atividades se tornam mais especializadas. É, enfim, o setor que cresce mais rapidamente; a cada dia, ‘inventa-se’ uma nova necessidade”, diz.
Por outro lado, a tendência dos prestadores de serviços - ou, pelo menos, de muitos deles ou de alguns setores - é repassar os aumentos de seus custos, em grande parte, pelas altas mais recentes na alimentação, nos combustíveis, por exemplo. Além disso, se aumenta a demanda pelo serviço, o que ocorre quando a renda está em expansão, a possibilidade de reajuste de preço é maior.
Alexandre B. Bastos, 42 anos, é comerciante e proprietário do restaurante Chão Tropeiro, na Vicente Pires. Para ele, foi um peso no orçamento o reajuste do valor de alguns alimentos. "O feijão, o arroz e o tomate subiram de preço e por causa disso tivemos que repassar o aumento para o cliente", argumenta.
O consumidor sentiu no bolso. Josué Andrade, 27 anos, é costureiro e tem o hábito de almoçar fora de casa aos domingos. Ele reclama do preço da refeição: "Meu salário não mudou. O dinheiro que eu ganho não acompanha a alta de determinados preços. A diferença no almoço chega até R$
Apesar da queda da inflação no setor aluguel e taxas, que em junho de 2007 era de 4,63% e passou para 3,42% em maio deste ano, a locatária de uma quitinete em Taguatinga teve que apertar as contas mensais - devido ao aumento na prestação do serviço. Há dois anos, a estudante Mariana Marcolino Junqueira, 24 anos, veio de Caldas Novas (GO) para estudar no Distrito Federal. Ela mora em um imóvel de apenas um quarto, sala, cozinha e banheiro no centro da cidade, e paga aluguel. Quando foi renovar o contrato do local, no início deste ano, teve uma surpresa: uma alta de
A reportagem analisou a evolução da inflação de seis serviços que afetam diretamente a população: aluguel e taxas, alimentação fora do domicílio, plano de saúde, transporte escolar, cinema e condomínio (ver tabela abaixo). Segundo Newton Marques, a importância desses serviços na economia do DF é muito grande, pois aqui é uma cidade essencialmente ligada ao setor público, que é o de serviços. “Os mais afetados são sempre os das classes mais baixas (C, D e E), pois a parcela dessas atividades é grande na renda deles”, argumenta.
Variação na inflação de serviços em Brasília (acumulada no ano), medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA):
Serviço | Junho/2007 | Maio/2008 |
Aluguel e Taxas | 4,63% | 3,42% |
Plano de Saúde | 4,9% | 2,68% |
Cinema | 1,85% | 0,3% |
Transporte Escolar | 3,75% | 3,21% |
Alimentação fora do domicílio | 3,41% | 5,21% |
Condomínio | 10,91% | 0,92% |
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um comentário:
Caraca! é um absurdo, num país que ainda luta contra fome, ver um aumento desses, que supera o aumento do mesmo período do ano passado. froids! Mas hein... tô bem sim lindona. Eu dei uma sumida da vida social porque é muito trabalho. tô ralando horrores naquela câmara. Mas a recíproca é verdadeira, né?! você também pode aparecer mais, como fez agora. =]
bom texto. saudade =********
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