quinta-feira, 9 de julho de 2009

A poesia de Salomão Sousa

Olá Salomão,

Meu nome é Beatriz, sou jornalista. Você não me conhece e eu só tive a oportunidade de conversar com o senhor uma vez, muito rapidamente, ha pelo menos 5 anos.
Estou lhe escrevendo justamente para falar desse "encontro" do passado e lhe fazer algumas perguntas.
Explico: quando eu estava no Ensino Médio, mais precisamente indo para o 2º ano, fui comprar os meus livros na Livraria da Rodoviária e esbarrei com o senhor. Não lembro exatamente qual livro estava folheando no momento, mas o senhor me abordou e perguntou se eu gostava de poesia. Logo respondi que sim (e ainda gosto muito!). Depois de trocar algumas palavras, o senhor me entregou várias folhas com poemas seus. A intenção era que eu lesse aquele "esboço" do seu livro (o qual chamava-se, no rascunho, "o sol entre as promessas". E ali naquele momento o senhor riscou o título e deu-lhe outro: "Não tem como".) e depois, por e-mail, fizesse meus comentários a cerca do mesmo. Depois de tantos anos é que resolvi lhe escrever. (...)

Sim, este e-mail fui eu que escrevi.
O nome dele é Salomão Sousa, poeta simpático que logo respondeu minha mensagem.
O escritor me contou que o livro (citado acima) foi premiado no encontro de poesia da cidade de Goyaz e publicado pela editora 7 Letras. A obra ganhou o título de Ruínas ao Sol.
Depois, Salomão publicou todas as suas obras em um único volume, chamado Safra Quebrada. E também um conjunto de artigos.

Agora, especialmente para o Retrato Verbal, ele responde algumas perguntas:


Qual sua formação acadêmica?
Formei-me em Jornalismo como uma segunda alternativa para me manter próximo da Literatura. Na época, eu era muito tímido e ficava apavorado só em pensar em ir para a sala de aula. Não fiz mestrado, doutorado, nada disso. Tinha de ralar e nem podia parar para pensar em formação mais avançada. Mas, penando no pouco que eu tinha, o que alcancei, principalmente com o que complementei com as minhas leituras, acabou significando bastante a formação que consegui.

O que você faz/gosta de fazer além de escrever?
Primeiramente, gosto das amizades, onde podemos transitar com nossa voluntariedade. Sem as amizades, há uma grande inutilidade em viver, pois, sem elas, acabamos transeuntes do vazio. As amizades possibilitam a solidariedade. De ouvir jazz, e também de andar pela cidade. Aliás, não sei do que não gosto.

Como foi seu trajeto para a poesia? O que te levou(leva) a escrever poemas?
A poesia, em minha vida, apareceu como uma amizade — para preencher a solidão, poder transitar com mais completude, com mais palavras no bolsa e na boca. E comigo ela foi deveras solidária. Já entrei nela pelo Modernismo: Bandeira, Cassiano Ricardo, Drummond. Comecei a escrever por desafio: vou escrever! Minha primeira leitora foi uma professora que entrou na biblioteca em que eu trabalhava e pediu para ler o que eu escrevia. Ela estava com o namorado. Leram meu poema de rostos bem próximos e ela falou baixo para ele: ele deve ter copiado. Carreguei aquilo por muitos anos como agressão, mas hoje compreendo que foi o primeiro elogio que recebi, pois eu sei que aquele poema era meu. Hoje eu escrevo movido por esses elogios: uma garota que acha que copiei um poema que escrevi, uma que chorou ao ler um de meus livros, por aquele que acha que ainda não escrevi nenhum poema de valia, por uma estudante encontrada de relance numa livraria e que um dia me aparece jornalista indagando por minha poesia. Talvez minha poesia não dê em grande coisa — assim na montanha de Maomé —, mas terá sido uma andorinha que voou por alguns minutos no meu dia.

Desde quando você escreve?
Desde os 15 ou 16 anos, ainda nos meus tempos de ginásio. Lia poemas em todos os eventos estudantis. Cheguei, inclusive, a ganhar um concurso de recitação num evento intercolegial.

Quem são seus referênciais hoje em dia?
Assim, rapidamente e impensadamente: Jorge de Lima e Rilke. A poesia saindo de dentro de algo como a estalactite — sem sabermos de onde terá vindo e se formado em nós com suas dourações. A poesia se forma com nossos escuros, assim.

Teve algum escritor ou escritora que te influenciou especialmente no começo?
Tudo nos influencia. O cordel lido na infância, o andarilho que recitava improvisos... As rezas, a música. Foram tantos poetas lidos, que não sei qual deles ficou em minha poesia. Talvez todos, ou apenas as minhas próprias palavras.

Qual o seu "processo" criativo?
Não tenho disciplina. Escrevo quando tenho vontade, mas, com mais intensidade quando estou fechando o livro, pois, nesse momento, tenho de fechar os poemas da forma mais límpida possível.

O que você pretende "oferecer" ao leitor com seu trabalho?
Alguma intensidade de vida, ou de nada. O escritor real é aquele que não se preocupa com o leitor, mas com a própria obra, com a autenticidade que possa estar nela mesma.


há instantes em que a tempestade
passa rente à nossa porta
com sua vestimenta brusca
quase atinje nossa face
com suas ancas largas
passa ao largo sem nos arrancar
das raízes dos adiamentos
como se nos dissesse
que irá nos derrotar
com o ar parado da quietude


Salomão, muito obrigada pela "entrevista" e pela constante atenção.

Para mais poemas, basta acessar o blog: http://www.safraquebrada.blogspot.com/


Boa leitura! E até o próximo post.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Diploma: Agora, Câmara e Senado podem analisar a questão paralelamente


Deputado protocola PEC que prevê volta do diploma

Depois do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) apresentar no último dia 1º, proposta de emenda à Constituição (PEC) que vincula, obrigatoriamente, o exercício da profissão de jornalista aos portadores de diploma de curso superior de Comunicação Social, hoje (08/07) foi protocolada na Câmara dos Deputados uma outra PEC de igual teor. Agora, tanto a Câmara quanto o Senado Federal podem analisar a questão paralelamente e acelerar o reparo da lamentável decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, no mês passado, declarou nula a exigência do diploma prevista no Decreto-lei (DL) 972, de 17 de outubro de 1969.

O autor da proposta apresentada na Câmara é o de deputado federal gaúcho Paulo Pimenta (PT). A PEC da Câmara recebeu o número 386/2009 e foi entregue com 191 assinaturas.

Pimenta, que tem participado de manifestações e reuniões com jornalistas, professores e estudantes de jornalismo, destacou a mobilização que vem ocorrendo em todo o país no sentido de reverter a decisão do STF. "Foi extremamente importante a rápida reação da sociedade, desaprovando o absurdo cometido pela Corte Suprema brasileira, e que abriu precedente para a desregulamentação de outras profissões. No caso do jornalismo, essa atividade é mais do que a simples prestação de informação ou a emissão de uma opinião pessoal. Ela influencia na decisão dos receptores da informação, por isso não pode ser exercida por pessoas sem aptidão técnica e ética", afirmou Pimenta em defesa da formação superior no curso de jornalismo.

Fonte: www.ojornalista.com.br