segunda-feira, 7 de julho de 2008

Blogosfera

No começo do ano escrevi um ensaio que chamava-se '200 anos de comunicação no Brasil: como as mudanças estruturais na profissão refletem na prática jornalística e no papel do jornalista'. Resgato, aqui, um trecho desse texto para comentar acerca das ameaças e vantagens da era digital .


Jornais dos Estados Unidos estão preocupados em sobreviver no mundo da internet e preparam guias práticos, como projeto Newspaper Next[1], organizado pelo Instituto de Imprensa Norte-Americano. Ele demonstra uma inquietação: ou os jornais se adaptam à era digital ou não sobreviverão, pois não haverá investimento em publicidade para quem não se adequar rapidamente. O estudo se baseia em conceitos de marketing para defender que as empresas jornalísticas precisam se ajustar ao que os internautas necessitam e esperam.


Os dados apontam que a venda de espaços publicitários está caindo nos veículos impressos: em 1990, os jornais tinham 25% dos investimentos em mídia nacional; que hoje correspondem a menos de 17% na participação das receitas obtidas com venda de anúncios. Ao contrário, a Internet não pára de crescer. Se antes ela respondia por 3% - até 2004 - atualmente beira os 8% e está empatada com a TV a cabo e o rádio. Crescimento semelhante a esse só foi registrado na história dos EUA no início dos anos 50, quando a televisão saltou, imprevisivelmente, para os 15% em menos de 10 anos.


Nesse cenário de avanços tecnológicos e mudanças constantes, entram em cena os blogs. A tecnologia permitiu a criação e popularização de um espaço democrático e contemporâneo, cada vez mais utilizado por milhares de formadores de opinião. Foi-se o tempo em que essa ferramenta era associada aos diários de adolescentes e não tinha a credibilidade da mídia. Hoje, ela não só ganhou espaço como tantas vezes pauta a imprensa.

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[1]Matéria Jornais dos EUA produzem guia de sobrevivência na era da Internet, publicada no site http://www.escoladecomunicacao.com.br/, no dia 11 de abril de 2008.

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Agora vamos ao comentário de quem estuda sobre o assunto...

Blogosfera: moeda de duas caras em marketing político*


"Especialistas em campanha eleitoral nos Estados Unidos estão convencidos de que a eleição americana está atravessando um período de aprendizado sobre novas mídias - weblogs, em geral. Há uma corrida louca para difundir informação acurada sobre candidatos e sobre os tópicos de suas agendas, pois, de outro lado, há uma profusão descontrolada de rumores, versões e falsas informações que correm à velocidade da luz na blogosfera. Os experts em marketing político se dividem em otimistas e pessimistas sobre a habilidade de os cidadãos eleitores poderem separar joio do trigo. No entanto, em dois pontos são convergentes: (i) o cidadão busca formar opinião a partir da consulta a weblogs (seja videologs, fotologs ou blogs) e (ii) as conversas com amigos e os relacionamentos sociais são os definidores de opinião.


Fico aqui imaginando como será a nossa experiência brasileira nas eleições para prefeito de 2008, pois em Brasília estamos ilhados dessa subterraneidade que os mais de 5 mil municípios estão vivendo. De uma coisa estou convencida, por outro lado: as lições aprendidas serão utilizadas com profissionalismo nas próximas eleições para presidente em 2010. Até o final do ano serão mais de 44 milhões de brasileiros com acesso à internet segundo dados do IBGE. Blogs poderão fazer a diferença se houver uma ruptura entre a repetição e reprodução de fontes da grande mídia em direção à uma produção independente e baseada nas observações e nas fontes pessoais (alternativas) dos jornalistas-blogueiros."

* Por Mônica Prado, Comunicadora Social.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Economia

Maior consumo facilita reajuste de preços no setor de serviços

Melhoria da renda per capita dos brasilienses aumenta as vendas e pressiona a inflação

// por Beatriz Vilela e Thaís Rohrer

Em um momento em que o valor de alguns mantimentos está em alta em todo o mundo, o brasiliense está pagando mais caro para comer fora de casa. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, entre janeiro e maio deste ano, o reajuste no preço dos alimentos no Distrito Federal ficou em 5,21%. Esse aumento supera o acumulado em todo o primeiro semestre de 2007, que ficou em 3,41%, conforme registrado no item alimentação fora do domicílio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Ao mesmo tempo, a renda média do brasiliense também tem aumentado: se em 2006 o rendimento médio das pessoas ocupadas no DF era de R$ 1.484, no ano passado subiu para R$ 1.568, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

Newton Ferreira da Silva Marques, analista do Banco Central e professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da UnB, avalia que a elevada renda per capita de Brasília, proporcionada pelo aumento do poder de compra - como os reajustes salariais - pode provocar esses movimentos de aceitação ou ratificação dos preços altos. Essa situação gera, também, maior acesso ao crédito.

Alexandre Cordeiro, 32 anos, sabe bem o que é isso. Ele trabalha com transporte escolar desde 1998 e comenta que demorou dois anos para reajustar o valor da mensalidade. "Em 2006 e 2007 eu não aumentei o preço, mas este ano subi R$10,00 para compensar os outros anos e a alta do diesel", justifica. O motorista comenta que a demanda pelo serviço aumentou. "A passagem de ônibus está cara, por isso as pessoas preferem a comodidade do escolar, já que a diferença não é gritante", analisa.

Mesmo com o aumento nas mensalidades, Alexandre está ganhando cada vez mais passageiros: em 2008 foram 15 a mais que no ano passado. Um deles é o universitário Ricardo Correia, 25 anos, que costumava utilizar o transporte público para ir à faculdade. “Desde que comecei a fazer estágio, contratei o escolar", diz o estudante. Ele mora com a mãe, Eliete, que é funcionária pública e não pode pagar pelo serviço. Além disso, depois que começou a trabalhar, Ricardo passou a ir mais ao cinema. "Sempre que posso, vou. Quando não trabalhava era mais difícil ter dinheiro para o lazer", conta.

O professor da UnB Roberto B. Piscitelli explica que, quando a economia cresce, o setor de serviços aumenta sua participação no Produto Interno Bruto (PIB). “Do mesmo modo, com o aumento da renda e o processo de urbanização, os serviços se diversificam e sofisticam, devendo-se salientar ainda que as atividades se tornam mais especializadas. É, enfim, o setor que cresce mais rapidamente; a cada dia, ‘inventa-se’ uma nova necessidade”, diz.

Por outro lado, a tendência dos prestadores de serviços - ou, pelo menos, de muitos deles ou de alguns setores - é repassar os aumentos de seus custos, em grande parte, pelas altas mais recentes na alimentação, nos combustíveis, por exemplo. Além disso, se aumenta a demanda pelo serviço, o que ocorre quando a renda está em expansão, a possibilidade de reajuste de preço é maior.

Alexandre B. Bastos, 42 anos, é comerciante e proprietário do restaurante Chão Tropeiro, na Vicente Pires. Para ele, foi um peso no orçamento o reajuste do valor de alguns alimentos. "O feijão, o arroz e o tomate subiram de preço e por causa disso tivemos que repassar o aumento para o cliente", argumenta.

O consumidor sentiu no bolso. Josué Andrade, 27 anos, é costureiro e tem o hábito de almoçar fora de casa aos domingos. Ele reclama do preço da refeição: "Meu salário não mudou. O dinheiro que eu ganho não acompanha a alta de determinados preços. A diferença no almoço chega até R$ 10,00 a mais", protesta.

Apesar da queda da inflação no setor aluguel e taxas, que em junho de 2007 era de 4,63% e passou para 3,42% em maio deste ano, a locatária de uma quitinete em Taguatinga teve que apertar as contas mensais - devido ao aumento na prestação do serviço. Há dois anos, a estudante Mariana Marcolino Junqueira, 24 anos, veio de Caldas Novas (GO) para estudar no Distrito Federal. Ela mora em um imóvel de apenas um quarto, sala, cozinha e banheiro no centro da cidade, e paga aluguel. Quando foi renovar o contrato do local, no início deste ano, teve uma surpresa: uma alta de 14,28 %. "Minha renda não aumentou, na verdade a dos meus pais que me sustentam aqui. E o dono do imóvel não deu nenhuma justificativa plausível", reflete Mariana.

A reportagem analisou a evolução da inflação de seis serviços que afetam diretamente a população: aluguel e taxas, alimentação fora do domicílio, plano de saúde, transporte escolar, cinema e condomínio (ver tabela abaixo). Segundo Newton Marques, a importância desses serviços na economia do DF é muito grande, pois aqui é uma cidade essencialmente ligada ao setor público, que é o de serviços. “Os mais afetados são sempre os das classes mais baixas (C, D e E), pois a parcela dessas atividades é grande na renda deles”, argumenta.


Variação na inflação de serviços em Brasília (acumulada no ano), medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA):

Serviço

Junho/2007

Maio/2008

Aluguel e Taxas

4,63%

3,42%

Plano de Saúde

4,9%

2,68%

Cinema

1,85%

0,3%

Transporte Escolar

3,75%

3,21%

Alimentação fora do domicílio

3,41%

5,21%

Condomínio

10,91%

0,92%

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Desabafo

Em dezembro do ano passado, a jornalista Elvira Lobato da Folha de S.Paulo escreveu uma matéria que traçava um cenário econômico dos 30 anos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Intitulada como “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”, a reportagem afirma que a Igreja não é apenas dona de empresas de comunicação - 23 emissoras de TV e 40 de rádio – como também de agência de turismo, saúde, imobiliária e empresa de táxi aéreo. Segundo a jornalista, “uma hipótese é que os dízimos dos fiéis sejam esquentados em paraísos fiscais”, já que a empresa Cremo Empreendimentos, que financiaria a compra das corporações pelos bispos, teria ligações com a Cableinvest, que fica no paraíso fiscal da Ilha de Jersey, no Canal da Mancha. O levantamento mostra 19 empresas registradas em nome de 32 membros da Iurd, principalmente bispos.

Desde então, mais de 50 ações foram movidas contra o jornal e a jornalista em questão. Mesmo não citando qualquer fiel em particular, eles alegaram ofensa e parecem ter armado uma grande estratégia de cerco contra a mídia, já que os processos foram abertos em mais de 20 Estados brasileiros. Assim, o trabalho de defesa torna-se difícil, não só pela diversidade de cidades, como pelo fato de haver, muitas vezes, audiências marcadas para o mesmo dia em lugares distantes uns dos outros.

“Não cogitei que o dinheiro dos fiéis fosse limpo. O que coloco em questão é a possibilidade de o dízimo doado à obra divina estar sendo utilizado para investimentos privados”
Elvira Lobato, da Folha de S.Paulo

Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) disse que a intenção da Iurd não é restabelecer a sua honra ou verdade, e sim coagir o dever da imprensa de informar a sociedade. Além disso, os textos das ações são praticamente iguais, mais um indício de que se trata de uma estratégia de intimidação.

“As ações judiciais alegam pretensos danos morais sofridos pelas fiéis da Universal, mas não escondem o claro propósito de intimidar o livre exercício do jornalismo. (...) Mover as ações em grande número, com origem em diversos pontos do país, é uma tática que evidencia o verdadeiro intuito de causar transtornos aos jornais e jornalistas, que se vêem obrigados a comparecerem e constituírem defesa em dezenas de cidades e a multiplicarem, conseqüentemente, os custos de sua defesa. Na medida em que criam essas dificuldades, os autores das ações e seus mentores, a rigor, pretendem induzir jornais e jornalistas a silenciarem informações a respeito da Universal.”
Associação Nacional de Jornais (ANJ)

A Igreja se defende com o argumento de que os fiéis estão manifestando sua rejeição em relação às notícias - classificadas como “lamentáveis”- publicadas nos jornais, mas que ela já entrou com suas ações judiciais e por isso não tem interesse em organizar e incentivar processos individuais por parte deles. Desculpa, mas não é o que parece!

“A Iurd respeita a liberdade de imprensa, os jornalistas e suas entidades representativas, porém, não admite que reportagens sejam usadas para ofensas de outras garantias constitucionais como a dignidade da pessoa humana, o acesso à Justiça, à liberdade de crença e à inviolabilidade da honra”,
Igreja Universal do Reino de Deus, em comunicado à Imprensa

Há uma semana, sexta-feira dia 22/02, a Folha venceu mais uma ação sobre o caso envolvendo a Universal. Já é a sétima vitória, e a Justiça tem alegado que a jornalista não menciona qualquer fiel em especial e que, se alguém virou motivo de piada por causa da reportagem, a ação deveria ser movida contra estas pessoas e não contra Elvira Lobato ou o jornal.

Diante desse episódio todo, vem a parte que muito me revolta: nosso presidente Lula, em depoimento sobre esse caso, disse que “quem fala o que quer, ouve o que não quer”. Ele já demonstrou antes que não é lá muito amigo dos veículos de comunicação, mas demonstrar a indiferença - e talvez até a cumplicidade - diante de um ato que vai contra a liberdade de imprensa.. aí já é demais. Demais! - Fica aqui o meu desabafo e apoio à imprensa.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Medu

Ele vem do latim: medu. Ele é adjetivo, relativo à Média ou aos Medos; médão; duna. Ele é ele. Todo imponente, tão forte, que chega a impedir certas ações.

Medo de trânsito. Medo do mar. Medo de baratas. Medo da morte. Medo do escuro, de andar de avião. Medo de agulha, de sangue, de chorar. Medo de tudo! Medo de amar. Medo é o que não falta, só falta acabar. Meu medo maior tinha um nome, mas eu resolvi mudar.


Conserve seu medo
Mas sempre ficando
Sem medo de nada
Porque dessa vida
De qualquer maneira
Não se leva nada

E ande pra frente
Olhando pro lado
Se entregue a quem ama
Na rua ou na cama
Mas tenha cuidado

Conserve seu medo

(Conserve seu medo, Raul Seixas)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A arte publicitária de Oliviero Toscani

- Esse eu recomendo!

Discussões furiosas, confrontos de idéias e milhares de artigos agressivos ou cheios de elogios surgiram em torno das polêmicas campanhas publicitárias da Benetton, feitas por Oliviero Toscani. Com ou sem razão, o publicitário obrigou vários comunicólogos, perturbados pelos debates que nunca conseguiram despertar, a se questionar sobre a maneira de fazer propaganda. No livro A Publicidade é um cadáver que nos sorri, Toscani consegue refletir e criticar a arte publicitária da mesma maneira que seu trabalho na Benetton: com classe e argumentos pertinentes.

Filho de fotógrafo, Toscani herdou a paixão pela profissão do pai e publicou sua primeira foto aos 14 anos. Na escola de Zurique, onde estudou Artes, ele já demonstrava personalidade contestadora, que desde cedo queria inventar tudo, questionar os valores da sociedade e discutir as diferenças, os problemas não resolvidos do mundo. Depois de vencer em um concurso de fotografia, ele teve a oportunidade de viajar pelos cinco continentes do mundo, durante oito meses. E foi assim que Toscani conseguiu o primeiro trabalho e abriu portas para todos os outros.

O publicitário conta que quando era criança havia uma imagem de cristo em frente à sua cama e que ela foi a primeira formação estética e dramatúrgica que teve. Partindo disso, Toscani faz uma comparação, em seu livro, entre a publicidade e a religião. Ele observa que ambas têm grande expressividade, mas que mostram um mundo normalizado e aculturado, além de explorar o sentimento de culpa de todos aqueles que “não merecem” entrar no império do consumo. Segundo o autor, a publicidade vende a felicidade assim como a igreja vendia as “indulgências”. A diferença é que a primeira não reflete sobre o poder dos símbolos que utiliza e insiste no culto ingênuo da beleza, que só vê o belo nas coisas belas.

Já que a condição humana é inerente ao consumo, por que a comunicação que o acompanha deveria ser superficial? Essa é outra questão abordada pelo publicitário. As campanhas da Benetton eram polêmicas e levantavam discussões importantes sobre temas sérios, como racismo, sexo, guerra, Aids, etc. Para Toscani, a intensidade dos debates e a paixão que suscitavam já provam a força desse trabalho, que ele sempre defendeu como uma responsabilidade pessoal e social: “vocês acham que uma empresa privada deve se responsabilizar pela moral e consciência social? E por que não? Por que ela estaria acima da confusão, fora do mundo?”

Oliviero Toscani queria discutir, comunicar-se com a sociedade, com o mundo. Em ocasião da guerra que se estendia por toda a ex-Iugoslávia, no fim de 1993, o publicitário montou um cartaz para a Benetton com a imagem de um uniforme manchado de sangue e um fundo branco, de maneira que a roupa desenhasse o corpo do homem que a tinha usado. Uma frase da carta do pai do jovem complementava o cartaz: “Eu, Gojko Gagro, pai de Marinko Gagro, nascido em 1963 em Blatnica, distrito de Citluk, desejo que o nome de meu filho morto, Marinko, e tudo o que resta dele sejam utilizados em favor da paz e contra a guerra.” Com isso, Toscani não pretendia dar respostas, mas questionar sobre os civis e todos os outros mortos em Saravejo. “Por trás de cada soldado há sempre um homem com sua vida pessoal, as pessoas que ele ama, a sua história. E atrás de cada vida rompida existe a responsabilidade de um mundo que se limita a olhar”, escreveu.

O mundo inteiro comentava as campanhas da Bennetton. Muitos publicitários se sentiram incomodados e acusavam Toscani de se aproveitar da infelicidade humana para vender. Mas ele não se deixava intimar e sempre respondia às inúmeras críticas. Nesta campanha que questionava a guerra, por exemplo, ele afirmava que não se pode censurar aquilo que alguém tenha livremente decidido expressar. Além disso, Toscani insiste que não estava tentando convencer o público a comprar, mas sim que as pessoas entrassem em sintonia com ele mesmo sobre alguma idéia filosófica. Ele aventurava-se a transformar um slogan publicitário numa iniciativa humanista e era acusado de cinismo quando dizia que seu objetivo não era vender, e sim defender uma nova concepção da arte fotográfica e publicitária.

Diante de tanta polêmica e de declarações provocantes, Toscani saiu pelo mundo respondendo às críticas e defendendo seus pontos de vista. Para além dos cartazes publicitários, o autor trouxe os debates para um livro sensacional, em que fica clara a determinação e as idéias políticas que têm. Para ele, o que incomodou tanto a época foi que a realidade e a arte aparecessem juntas na publicidade: “hoje, tanto o público quanto os críticos se acostumaram, aceitaram discutir, compreendem melhor o sentido da minha iniciativa”.

Não se pode negar que as idéias de Toscani são boas, principalmente porque a Benetton é considerada uma das cinco marcas mais reconhecidas mundialmente. Mas dizer que a empresa não pretendia vender, parece mesmo um cinismo. O que se percebe é que Toscani descobriu uma maneira diferente e inovadora de fazer publicidade, em que a intenção comercial se aliava às discussões sociais. O publicitário soube chamar atenção do consumidor como ninguém e agora divide suas idéias e concepções em um livro primoroso. Uma amostra de que também sabe escrever e, porque não, provocar com palavras.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Parágrafo, caixa alta

A idéia inicial era fazer um portfólio com as minhas matérias da faculdade. Esse ponto de partida foi se tornando algo menos formal, e aí nasceu esse blog. No fundo, o conceito é simples: escrever, escrever, escrever!